Trilha Sonora e Opinião – “Beginners” (Toda Forma de Amor)

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junho 27, 2012 por estacoesdamente

Assim como em alguns quadrinhos, Toda Forma de Amor tenta dosar leveza e drama através de narrativas breves/episódios na vida do personagem principal – Oliver (Ewan McGregor em mais uma boa atuação). As lembranças da infância em companhia da mãe Georgia (Mary Page Keller – em momentos hilários e esquecidos pela crítica), a relação com o pai Hal Fields (Christopher Plummer em uma atuação premiada e espetacular)  que após a perda da esposa decide sair do armário aos 71 anos e a chegada de uma nova paixão, Anna (a bela atriz francesa Mélanie Laurent) que conhece poucos meses depois da morte do pai, são os caminhos percorridos pela mente do protagonista. Na verdade o gancho do enredo é o amor como forma de libertação, o olhar do filho que observa um casamento que sobreviveu 44 anos sem paixã e por razões desconhecidas. Esse mesmo amor, que aparentemente aprisiona, guarda segredos revolucionários. É nessa virada de jogo que principais momentos ocorrem e todo o brilho do filme fica por conta do Christopher. Após a morte da esposa ele não só decide assumir sua homossexualidade fazendo novos amigos, entrando em grupos e associações gays, como finalmente se aproxima do filho e consegue ir modificando a forma ver a vida do jovem. Após a descoberta de um câncer em estágio avançado, Hal Fields fica ainda mais forte e intensifica suas formas de amor e prazer – compra flores e livros, namora um jovem e faz tudo valer a pena até o fim. Anna por sua vez é uma atriz acostumada com a solidão, que desiste fácil e vive melhor em suas próprias paredes rotativas – aqui temos mais uma iniciante se arriscando em novo território.

No geral é um bom filme, com momentos divertidos e outros que emocionam sem exagero – as atuações e personagens estão bem dosados (com exceção do grupo de amigos do Oliver que nada acrescenta). Por fim seria injusto não falar que o roteiro é bem conduzido, mas perde o ritmo em alguns momentos e tá recheado de clichês (muitos fundamentais, outros que amo e poucos condenáveis) – problema que não ocorre com a trilha sonora.  Com clássicos leves que dão o clima certo de nostalgia que o filme pede, as músicas vão aos poucos transformando tudo em uma dança leve e divertida. Destaque para a linda Stardust cantada por Hoagy Carmichael e  That Da Da Strain.

Sobre a trilha o diretor revelou :

A faixa original, “Beginner’s Suite”, foi uma verdadeira colaboração, principalmente entre Dave Palmer e Roger Niell, com Brian Reitzel. Eu me lembro de tentar conseguir algo com o romantismo e o ar de sonho de uma trilha de George Delarues, mas feita com notas mais simples e harmonias de “Buddy Bertrand’s Blues” de Jelly Roll Morton. Eu não sei se isso fez mesmo algum sentido para Dave e Roger, mas é uma experiência incrível vê-los experimentando coisas, se revezando no piano, cada um sugerindo esta nota e não aquela, uma verdadeira mistura transformativa do profundo conhecimento do piano de blues de Dave e do ouvido clássico de Roger, com os ótimos instintos de líder de banda e produtor de Brian — tudo gravado em um belo e antigo piano de parede Bluezner que era um favorito do Henry Mancini.

Soundtrack

1. Stardust – Hoagy Camichael

2. Everything’s Made For Love – Gene Austin

3. Bach Suite – David Palmer, Roger Neill, Brian Reitzell

4. 1955 – David Palmer, Roger Neill, Brian Reitzell

5. Sweet Jazz Music – Jelly Roll Morton

6. That Da Da Strain – Mamie Smith

7. Mamanita – Jelly Roll Morton

8. Moon Waltz – David Palmer, Roger Neill, Brian Reitzell

9. Veronica’s Blues – David Palmer, Roger Neill, Brian Reitzell

10. Breezin’ Along with the Breeze – Josephine Baker

11. Beginners Theme Suite – David Palmer, Roger Neill, Brian Reitzell

12. Buddy Bertrand’s Blues – Jelly Roll Morton

Donwload – AQUI

Além de três grandes atores e da atuação mega do Christopher – temos como personagem o cachorro Arthur – que acrescenta tanto ao filme – sendo ele na sua forma animal – capaz de provocar nossa forma mais primitiva e leal de amar.

Hal Fields vestindo um suéter roxo, depois um robe – diz : “I’m gay” – e nosso narrador acrescenta : … “e foi gay durante todo casamento” – encontrou certamente outra forma de amar a esposa.

Ganhou pelo papel : Oscar e o Globo de Ouro – Ator Coadjuvante.

Ps : Sem extrapolar, Beginners não é um filme que levanta bandeiras sem mostrar as razões que conduzem os discursos dos personagens. É um filme também sobre escolhas e preconceitos, mas é antes de tudo sobre o amor.  Não importa a idade, seremos sempre – todos – iniciantes.

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Raphael Alves

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